A Igreja de São Francisco, conhecida como a “igreja de ouro”, é um importante ponto turístico em Salvador, Bahia, que recentemente foi palco de uma tragédia. No dia 5 de fevereiro de 2025, parte do teto do templo desabou, resultando na morte de uma turista de São Paulo e deixando outras cinco pessoas feridas. Este incidente ocorreu durante uma visitação ao templo, que é famoso por sua rica história e beleza arquitetônica, além de ser considerado uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no mundo.
Fundada no início do século 18, a Igreja de São Francisco é tombada como patrimônio material do Brasil. O templo abriga obras de arte e objetos valiosos, incluindo pedras doadas pelo rei de Portugal, Dom João V, e um crânio de mártir presenteado pelo papa Inocêncio XII. A construção da igreja começou em 1686 e foi concluída em 1723, após doações de moradores locais. A igreja foi aberta ao público em 1713, tornando-se um símbolo da fé e da cultura na Bahia.
O interior da igreja é um espetáculo à parte, com paredes, colunas e tetos revestidos de intrincados entalhes cobertos de ouro. Os detalhes barrocos incluem figuras de anjos e pássaros, que são representações típicas do estilo artístico brasileiro. O historiador Rodrigo Lopes destaca que a igreja faz parte do maior complexo arquitetônico colonial português da América Latina, e sua preservação é de extrema importância para a cultura e a história do Brasil.
Após o desabamento, as autoridades lamentaram a morte da turista e iniciaram investigações sobre as causas do incidente. O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, afirmou que não havia indicativos de riscos emergenciais antes do desabamento. Ele ressaltou a necessidade de uma avaliação detalhada para entender o que ocorreu e quais medidas devem ser tomadas para garantir a segurança do local.
O frei Pedro Júnior Freitas da Silva, guardião da igreja, havia alertado sobre problemas estruturais no teto e solicitado uma vistoria ao Iphan. No entanto, a visita dos técnicos estava agendada para o dia seguinte ao acidente. A falta de uma resposta imediata a esses alertas levanta questões sobre a manutenção e a supervisão de patrimônios históricos, especialmente em uma cidade tão turística como Salvador.
O espaço da igreja, que estava aberto para visitação, foi interditado após o desabamento. O acidente ocorreu em um momento de grande movimento turístico, e testemunhas relataram ter ouvido um forte estrondo antes do teto ceder. A guia de turismo Meirelúcia Oliveira, que acompanhava um grupo de visitantes, conseguiu escapar momentos antes do desabamento, mas ficou abalada com a tragédia.
A jovem vítima, Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, era natural de Ribeirão Preto, São Paulo, e estava em Salvador com amigos e o namorado. Enquanto os homens do grupo não se feriram, a amiga de Giulia sofreu um corte e foi levada ao hospital. O corpo da jovem foi retirado do local e encaminhado para necropsia, enquanto as investigações sobre o desabamento prosseguem.
A responsabilidade pela manutenção da igreja é da Ordem Primeira de São Francisco, mas o Iphan também desempenha um papel importante na preservação do patrimônio. O incidente destaca a necessidade de um acompanhamento mais rigoroso das condições estruturais de edificações históricas. A tragédia na “igreja de ouro” serve como um alerta sobre a importância de garantir a segurança e a integridade de locais que são testemunhos da história e da cultura brasileira.